CRÍTICA| Primeiras Impressões de Gülcemal
(Foto: Divulgação/Fox Turquia)
Estreou na última quinta-feira (6) a nova telenovela da Fox Turquia, Gülcemal. A produção corre a cargo da MF Yapım (Sen Çal Kapımı), com roteiro de Eda Tezcan (Hercai) e Selda Akın (Aziz) e direção de Yusuf Pirhasan (Mucize Doktor). O folhetim conta com Murat Ünalmış (Terra Amarga) e Melis Sezen (Amor e Honra) nos papéis protagonistas.
Conheça a história
No primeiro capítulo conhecemos o passado de Gülcemal, e qual o motivo por trás de sua vingança. No passado, ele, sua irmã e seu pai foram abandonados por sua mãe, Zafer (Ayda Aksel), a qual preferiu outro homem. Anos depois, Gülcemal retorna a Bursa, onde conhece Deva, filha de consideração de Zafer. Após descobrir a relação entre Deva e sua mãe, Gülcemal sequestra o pai da mocinha e lhe dá como saída um casamento. Ao mesmo tempo, Zafer também planeja unir seu filho e Deva.
Murat Ünalmış e Melis Sezen em cena de Gülcemal (Foto: Divulgação/Fox Turquia)
Lembrete: Esta crítica contém caráter técnico, ou seja, para compô-la levei em consideração critérios mais rigorosos do que meu gosto pessoal.
Vale a pena?
Com um argumento genérico, Gülcemal debuta com uma inspiração clássica no conto da Disney, A Bela e a Fera (1991), inclusive com referências diretas como quando Gülcemal cobra o pai de Deva uma dívida. Dito isso, o texto vagueia entre um drama e um romance com ares de enemy to lovers, um recurso usado em exaustão em outras produções.
Ademais, o roteiro de Eda Tezcan e Selda Akın é didático e autoexplicativo, com uso de diálogos expositivos como para salientar a relação confusa entre os personagens, ou quando Deva explica para um convidado o significado da Henna. Nesse caso em específico, é muito curioso essa cena pois serve para dar peso ao momento que Gülcemal e Deva se encontram na chuva e a Henna corre pela mão dos dois. Além disso, também mostra como a Turquia é um país diverso em culturas e tradições, tanto que a personagem precisa explicar para outro conterrâneo o porquê daquela tradição local.
O roteiro, no entanto, carece de mais solidez. Há muitas lacunas para serem explicadas, as quais gerais situações convenientes demais, como o fato de Gülcemal ter ficado muito rico, ou o porquê demorou anos para se vingar da mãe. Outro questionamento deixado no ar, e aqui destaco como mérito do enredo, é se o protagonista realmente matou o amante da mãe. Destaco isso pois em determinado momento ele afirma para a irmã que não é um assassino. Para completar, Deva parece ser uma filha ilegítima, o que explica o fato da mãe de Gülcemal cogitar usar a mocinha para conter a vingança do filho, a ponto de sacrifica-la.
Teoria
Se Deva for de fato uma filha ilegítima, então o pai dela não morreu nas mãos de Gülcemal, pois ela teria nascido depois daquele dia. Cabe lembrar que antes de morrer ele pediu para Zafer cuidar da criança, fato este que a vilã relembra no túmulo do falecido.
Direção trivial
Como se não bastasse o texto nada original, a direção da dizi também peca pelo óbvio. É tudo muito normal, e sem impacto. A cena que a irmã de Gülcemal sofre um acidente é de uma preguiça questionável para um episódio de abertura. Faltou mais cuidado técnico! De chamativo, só a trilha sonora que soa atraente.
Atuações
Murat Ünalmış brilha na pele de um homem vingativo. O ator já passeou entre os mocinhos convencionais em filmes como Gecenin Kanatları (2009) ao lado de Beren Saat, até personagens mais dúbios como o Demir de Bir Zamanlar Çukurova (2018-2022), em breve disponível no catálogo do Globoplay. A produção tentou deixar o ator mais jovem, para não gerar tanto contraponto com Melis Sezen, que possui uma beleza bem jovem. O trabalho resultou positivo. Os dois têm uma química boa em cena.
Por falar em Melis, a atriz aqui caminha para uma protagonista de sucesso após duas tentativas infelizes. A primeira em Sevgili Geçmiş (2019), e a segunda em Amor e Honra (2019). Em Iludida ela fez a desequilibrada Derin, e conseguiu atenção com sua atuação expansiva.
Quem também entrega versatilidade é o ator Edip Tepeli (A Filha do Embaixador), o qual já fez papéis dos mais convencionais, aos mais inesperados. Ainda não está claro se seu personagem em Gülcemal terá muito destaque, porém o intérprete consegue delinear bem suas expressões, a ponto de naturalizar sua perfomance.
Porém, sem dúvidas, o grande destaque é Ayda Aksel (Hercai) com uma vilã bem presente. A atriz é competente e desempenha com facilidade e muita segurança uma antagonista forte. Como negativo, destaco a caracterização exagerada. Quem se arruma daquele jeito para cozinhar?
Ayda Aksel como a vilã da história (Foto: Divulgação/Fox Turquia)
Ficam devendo para próxima os atores Nilay Erdönmez e Cahit Gök.
Primeira impressão: Gülcemal tem uma história genérica, mas forte e atraente. Tem tudo para cair no gosto do público convencional.
Nota para a estreia: 7,0/10,0
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