CRÍTICA| Safir: Um conto da Cinderela na Capadócia (Primeiras Impressões)
Pôster de Safir (Foto: Divulgação/ATV) |
Esta é uma crítica embasada em conceitos teóricos, contudo passível de subjetividade, portanto não deixa de ser uma opinião. Sendo assim, o que está escrito aqui não invalida a visão de terceiros.
Estreou na última segunda-feira (04), o novo drama da emissora ATV na Turquia. Trata-se de Safir, uma produção da NTC Medya, escrita pela dupla feminina Burcu Över e Gül Abus Semerci (Kırgın Çiçekler), e dirigida por Semih Bağcı (Son Yaz).
O melodrama conta com as atuações protagonistas de İlhan Şen (Esqueça-me Se Puder), Özge Yağız (Yemin) e Burak Berkay Akgü (Destan).
Trio protagonista (Foto: Divulgação/ATV) |
Qual o enredo?
Na Capadócia, uma história de amor enfrenta barreiras para conseguir um final feliz. A jovem universitária Feraye (Özge Yağız) vive e trabalha na mansão Gülsoy junto com seu pai, sua cunhada, seu irmão, sobrinho, sua madrasta e uma irmã postiça. Ela vive um romance às escondidas com Yaman (Burak Berkay Akgü), neto de Ömer Gülsoy (Müfit Kayacan). Quando Yaman está prestes a pedir a mão da jovem em casamento, seu irmão Ateş (İlhan Şen) volta do exterior, o que gera um primeiro conflito em sua família. Todavia, as coisas ficam ainda mais complicadas quando ele se vê forçado a trair sua amada para proteger seu irmão caçula, Okan (Can Bartu Arslan).
De volta ao clássico
Com Safir, a emissora ATV volta a apostar em uma narrativa alicerçada no melodrama clássico como Hercai (2019) e Kalp Yarası (2021). A estrutura do folhetim parte da base da Cinderela para delinear o conflito central desse produto. Feraye é órfã de mãe, e vive com a madrasta e uma irmã adotiva. Sem grandes recursos financeiros, a jovem ainda se apaixona por Yaman, um dos netos do patrão. Devido às intrigas da madrasta, que planeja unir o ricaço com sua filha biológica, a mocinha rompe com o namorado e em seguida descobre que está grávida dele. Quer mais clássico que isso?
Cena de Safir (Foto: Reprodução/ATV) |
Apesar do contexto simples e clichê, a novela se apoia em um roteiro convincente nessa primeira semana. Os personagens são apresentados em cenas rápidas, e nos primeiros 50 minutos a personalidade de todos eles já está bem definida. Por exemplo, em uma cena bem intensa, fica claro para o público que Bora (Efe Taşdelen) é um garoto problemático, e que o pai é um homem sem escrúpulos que não economiza na maldade para proteger a sua cria. Aqui foi plantada uma prévia do que a trama prepara para a audiência.
Todavia, ainda que as situações estejam inseridas com um propósito bem descrito, os diálogos do roteiro escorregam com um texto básico e sem profundidade.
Cena de Safir (Foto: Reprodução/ATV) |
Um grande acerto
Os personagens são capturados em momentos íntimos, onde expõem sua fragilidade (Foto: Reprodução/ATV) |
Cena de Safir (Foto: Reprodução/ATV) |
Há uma cena específica que resume o acerto da direção. Nos primeiros minutos, ainda na apresentação dos personagens, quando Ateş chega e é recepcionado por sua mãe e seus irmãos, a chegada do avô do protagonista é um grande evento. Aqui, mesmo sem a necessidade de diálogos expositivos do tipo “nosso avô é um homem autoritário e difícil”, a direção usa planos, elementos sonoros e um instrumental que expõe a personalidade do personagem sem nada ser dito.
A soberania do personagem é capturada através de um Plano Contra-Plongée (Foto: Reprodução/ATV) |
A arte de trabalhar com audiovisual funciona assim, com todos os elementos trabalhando juntos e contribuindo para um mesmo fim. Nesse caso, contar uma história. Por isso é impossível avaliar uma obra excluindo algum desses elementos. Estamos diante de um sistema, e como tal, é preciso considerar todos os seus componentes.
Atuações
Nesse primeiro momento o destaque fica por conta do elenco masculino. Após viver um vilão ardiloso em Destan, Burak Berkay encarna um protagonista que precisa sacrificar seu amor em prol de sua família. O ator consegue expor segurança ao longo de todas as cenas dramáticas. Quem também não deixa a desejar, apesar do pouco tempo de tela, é İlhan Şen, outro ator que surgiu há pouco tempo na indústria, mas já mostra o quão talentoso pode ser.
Can Batu é um dos destaques do episódio (Foto: Reprodução/ATV) |
Quero deixar em evidência o talento jovem Can Bartu Arslan. O ator vem de bons trabalhos em Eşkıya Dünyaya Hükümdar Olmaz (EDHO) e Tozluyaka. Gosto particularmente da forma como o jovem movimenta seu corpo e modula a voz em cenas mais tensas. Um feito positivo, já que trata-se de um trabalho que nem muitos veteranos têm conseguido. Mais destaques positivos do capítulo são as performances de Müfit Kayacan, Efe Taşdelen e Nur Yazar.
Foi aqui que pediram carões? (Foto: Reprodução/ATV) |
Em contrapartida, a atuação de Gizem Sevim causa muito incômodo. A atriz não consegue ser natural na pele de uma personagem arrogante, e entrega uma interpretação bem canastrona.
Tendo a Capadócia como ambientação, Safir abraça o melodrama clássico ao reestruturar um conto de fadas com uma direção de fotografia primorosa, muitos clichês, e um romance proibido.
Marcadores: Crítica, Dizi, Novela turca, Séries de TV, telenovela, Turquia
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